Maputo – No último dia 15 de fevereiro, o presidente do CICV, Peter Maurer, terminou a sua visita oficial a Moçambique depois de uma reunião com Sua Excelência, o presidente da República de Moçambique, Felipe Jacinto Nyusi. De forma a ajudar a responder à crise humanitária na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, o CICV ampliará os seus programas em 2021 com foco na assistência, saúde e programas de formação na promoção do Direito Internacional Humanitário (DIH) para portadores de armas. O CICV trabalha em Moçambique há mais de 40 anos, em estreita colaboração com a Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), nomeadamente durante a guerra civil e a violência nas províncias centrais.
“O povo moçambicano enfrenta hoje uma tripla crise humanitária com ameaças persistentes devido às alterações climáticas, à pandemia COVID-19 e ao conflito armado. Continuamos ao lado de Moçambique nestes tempos difíceis e iremos aumentar o nosso apoio”, disse o presidente do CICV, Peter Maurer.
Mais de 500 mil pessoas fugiram do surto de violência na província de Cabo Delgado, no norte do país, desde o início de 2019. A maioria delas fugiu para zonas urbanas e periurbanas, como Pemba, Montepuez e Metuge, colocando pressão adicional sobre as comunidades e infraestruturas frágeis, incluindo serviços médicos. “As instalações e o pessoal de saúde foram vitimadas duplamente, pelo ciclone Kenneth e pela violência que causou a fuga de profissionais de saúde e a destruição de mais instalações, incluindo aquelas reabilitadas pós-ciclone”, disse o presidente Maurer.
De acordo com uma avaliação feita por especialistas de saúde do CICV, 39 das 55 unidades de saúde (71%) em 9 distritos de Cabo Delgado afetados pelo conflito (há 17 distritos no total) não estão operacionais. Além disso, 686 profissionais de saúde fugiram dos seus locais de trabalho devido à insegurança. Em Macomia, no final de maio de 2020, após um ataque à cidade, quase toda a população fugiu para o campo e as infraestruturas, incluindo uma maternidade que foi reabilitada pelo CICV depois do ciclone Kenneth, foram destruídas. Esta era a única maternidade em quilómetros.
Em 2021, o CICV vai reabilitar nove centros de saúde primários que atendem mais de 175,4 mil pacientes em Pemba, e apoiar hospitais em Montepuez e Pemba especializados no tratamento de feridas traumáticas. Irá também dar continuidade ao apoio ao centro de tratamento COVID-19 Décimo Congresso, em Pemba, reabilitado em 2020, com doações de material de saúde e higiene. Paralelamente, o CICV continuará a ajudar as comunidades deslocadas e anfitriãs a localizar seus entes queridos desaparecidos ou estabelecer contato com eles, irá também doar utensílios domésticos essenciais, sementes, ferramentas e kits de pesca para ajudá-los a reconstruir as suas vidas. Finalmente, irá apoiar iniciativas para assegurar condições adequadas de detenção e tratamento dos detidos.
O CICV é uma organização imparcial, neutra e independente, cuja missão exclusivamente humanitária é proteger a vida e a dignidade das vítimas de conflitos armados e outras situações de violência e prestar-lhes assistência.
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